sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Estados Internos

Bem, continuarei hoje a abordar o que comentei na última matéria sobre "desligar" o nosso "piloto automático".
Todos adquirimos o hábito de não pensar muito sobre o que está acontecendo dentro de nossas mentes.  Mesmo porque não fomos condicionados a isso. Geralmente, somos levados a agir pelo que sentimos e mais raramente pelo que pensamos. Mesmo àqueles que dizem que são muito "realistas" estão, muitas vezes,  tomando suas decisões baseados em alguma emoção. Isso porque nossos comportamentos e ações são direcionados para fazemos de tudo para sentirmos "prazer", e para evitarmos tudo que nos traga "dor". Agora, como nossos comportamentos e emoções são determinados? Eles são determinados por uma tríade de elementos que "trabalham" juntos em sinergia. Alterando um desses elementos, os outros dois acompanham a mudança automaticamente. Veja a representação desses elementos abaixo:



Onde:
  • Padrões de Fisiologia e Postura - influenciam seu estado interno.
  • Padrões de Foco Mental - determinam suas maiores experiências do mundo.
  • Padrões de Linguagem - controlam a maneira como expressa sua representação a você mesmo e aos outros.
Esses três fatores criam o significado que determina os estados internos das experiências em sua vida. Por exemplo, para criar o estado interno de depressão temos que assumir uma certa e específica postura, focar certas e específicas  imagens e, usar certos e específicos padrões de linguagem.
Entendendo o funcionamento desse conjunto formado por essa tríade, passaremos a entender o que acontece quando estamos nos sentindo bem ou mal.
Acredito que nossas emoções têm um papel extremamente importante em nos "sinalizar" o como estamos trabalhando com essa tríade. Lembrem-se do painel de instrumentos de um carro. Quando existe algum problema ou algo não está funcionando como deveria, acende-se uma luz indicativa no painel. Da mesma forma isso ocorre conosco. Nossos sentimentos nos indicam quando estamos "focados" em algo que nos faz bem, ou em algo que nos faz mal. Essa é a nossa luzinha se acendendo e nos indicando se estamos em "sintonia" com algo que nos faz bem ou não. Portanto, começarmos a nos "conscientizar" de como estamos nos sentindo é o primeiro passo para uma mudança de estado interno. Quando nos sentimos alegres estamos, com certeza, usando uma certa e específica postura, focando mentalmente certas e específicas imagens e, estamos usando certas e específicas linguagens internas para produzirmos esse estado interno. Faça um teste. Pense em uma situação que ocorreu em sua vida de extrema alegria. Volte-se para dentro de você mesmo e veja o que você via naquela situação, ouça o que você ouvia e sinta o que você sentia. Com certeza se sentiu mais alegre. Mudou o seu estado interno automaticamente. Esse é um "truque" que podemos usar sempre que desejarmos mudar nosso estado interno. Porém, até esse momento, você não sabia que poderia fazer isso. O interessante é que fazemos isso automaticamente no nosso dia-a-dia ao vermos televisão ou ouvindo o rádio no nosso carro indo para o trabalho. Se está passando um filme que não estamos gostando o que fazemos? Mudamos de canal. Se está tocando no nosso rádio uma música que não nos agrada, o que fazemos? Mudamos de estação. Por quê não fazemos o mesmo quando estamos nos sentindo tristes, deprimidos ou angustiados? Quantas vezes não ficamos "remoendo" durante dias aquela discussão com a nossa namorada ou aquela bronca de levamos do nosso chefe? Ficamos "assistindo" aquele filme várias e várias vezes. Quando ele chega ao fim o que fazemos? Rebobinamos a fita e repetimos novamente, intensificando nosso estado interno. Por que não começar a fazer como fazemos com a televisão e o rádio? Percebendo que estamos repetindo em nossa mente coisas que aconteceram ou que "poderão" acontecer  e que estão fazendo nos sentir mal (luzinha no painel acesa), mude de canal, mude de estação. Assuma esse controle. Você tem em sua mente o controle remoto da sua "televisão" interna (foco mental) e do seu "rádio" interno (linguagem). Percebendo que não está com um sentimento agradável, volte-se para dentro de você mesmo e pergunte-se:
  • o que está se passando aqui dentro da minha mente?
  • o que estou visualizando?
  • o que estou falando comigo mesmo ou ouvindo os outros me falando?
Nós possuímos uma coisa maravilhosa que é o nosso livre-arbítrio. E eu acredito que o maior poder de atuação dele é em escolhermos o que está se passando em nossas mentes. Essa escolha é nossa e de mais ninguém. Sempre que uso essa explicação em meu consultório para meus clientes uso essa frase que para mim é a pura essência do uso do nosso livre-arbítrio... "Vigiai e orai." Vigia o que está "fazendo" em tua mente. Você é o único responsável por isso. Assuma esse controle para ter uma vida mais plena e feliz. Isso não significa que tenha que se tornar um robô, mas também não precisa viver à mercê de suas emoções. Quando um cliente chega ao consultório triste ou angustiado, mesmo conhecendo o funcionamento a tríade, faço algumas colocações a ele:
  • Que ótimo que está se sentindo assim.
  • Que bom que sabe que está triste.
  • Isso é perfeitamente normal.
  • A questão é a seguinte: Quanto tempo quer ficar se sentindo assim???
Lembrem-se de que mudando apenas um dos elementos da tríade, altera automaticamente os outros dois. Portanto, percebendo que o que te incomoda mais é o que "visualiza" em sua mente, mude de canal. Vá ler um livro, ou vá passear. Se percebe que o que te incomoda mais é o que "ouve" dentro de sua mente, mude de estação, ouça uma música de que goste. Se não conseguiu identificar nenhum desses dois, mude sua postura. Vá fazer uma caminhada, ou fazer exercícios.
Brinque com sua tríade e aprenda que a vida não precisa ser tão dura quanto "pensamos" que é.